30 maio 2006

28 maio 2006

A Culpa é da Veja!

Uma linha de raciocínio tem percorrido nos últimos tempos os defensores do governo Lula e das maracutaias da quadrilha petista: As inúmeras denúncias não são válidas porque em grande medida foram vinculadas pelos órgãos de comunicação da «elite» e em especial pela Revista Veja!

Mesmo colocando de lado a intenção falhada dos membros do PT em cercear a liberdade de imprensa no malogrado projecto censório da ANCINAV do Ministro Gilberto Gil, é indesmentível que a existência de uma imprensa combativa e independente não agrada a direcção petista, pelos óbvios entraves que configura ao prosseguimento da rapina aos cofres do Estado.

Depois do revés que constituiu a derrocada do referido projecto, o governo de Lula recuou, e verdade seja dita, não foi por falta de liberdade de imprensa que o Mensalão ficou por punir.
A informação circulou, as denúncias foram feitas, as provas apresentadas, mas nada disso foi suficiente para que a quadrilha da estrela ao peito fosse presa e condenada.

Garantida que está no entanto, a reeleição de Lula e seus capangas, nota-se um agudizar dos ataques à imprensa em geral e à Veja em particular. Diariamente os dirigentes petistas, os blogs do partido e toda uma legião de fiéis seguidores, põe a circular a versão da teoria da conspiração para justificar aquilo que não conseguem explicar.

Não conseguem negar o Valerioduto, as denúncias contra (e de) Duda Mendonça, as escorregadelas de Silvinho Pereira, a estranha morte de Celso Daniel, o curioso patrocínio da Telemar ao filho de Lula e nenhuma das centenas de acusações devidamente comprovadas que pululam em torno do governo.

Mas já acharam um bode expiatório: A revista Veja!

O curioso é que nos seus quarenta anos de existência, a Veja nunca pautou por ter um jornalismo neutro e sempre defendeu abertamente as suas opções editoriais. Nunca tentou sequer escondê-las. Foi assim durante a vigência do período militar, durante a campanha das Diretas, no surgimento da Nova República, na queda de Fernando Collor e na ascensão do próprio PT.

Todos sempre souberam qual a linha editorial da revista e isso nunca impediu que a mesma fosse respeitada como um órgão de comunicação de referência, nas múltiplas investigações que fez a respeito da vida brasileira nestas quatro últimas décadas.

O PT aliás nunca se fez de rogado e sempre utilizou o amplo material fornecido pela revista para atacar seus desafetos enquanto esteve na oposição. Não consta que tivesse questionado as denúncias da Veja contra o governo Collor, contra os governos do PSDB ou mesmo contra Maluf, Quércia ou Garotinho. Com o seu moralismo serôdio sempre se colocou em bicos de pés para com a Veja em riste pregar as suas virtudes éticas e políticas.

Agora que em função da rapina generalizada que promoveu e promove, passou de acusador a acusado, vocifera cheio de ódio e desfaçatez, que estamos perante um caso de imprensa marrom. Não é difícil imaginar o que pretende fazer quando em Outubro for reconduzido ao poder devidamente legitimado.

O jornalismo independente no Brasil que se prepare...

25 maio 2006

Justiça Para Valdir Perez

Em vésperas de Copa do Mundo um post requentado:

Conta a história que em 1994 ao ser barrado numa visita à concentração da Selecção Brasileira, o antigo guarda-redes Barbosa, titular na Copa de 50 na célebre derrota com o Uruguai, terá lamentado:

«A pena máxima no Brasil é de 20 anos. Eu estou sendo punido há 44!»

É essa a sina da mais ingrata posição do futebol. Transitam de bestiais a bestas em poucos minutos...

Se procurarmos nas últimas décadas o exemplo de um goleiro injustiçado pelo mundo do futebol, o seu nome é sem dúvida Valdir Perez, titular tricolor durante vários anos e goleiro principal na mítica equipa canarinho de 1982.

E não o digo na condição de são-paulino.

Sou o primeiro a reconhecer que pelo Morumbi têm passado ao longo dos anos muitos e diversificados cabeças-de-bagre. Não nego porém, que continuam frescas na minha memória as muitas épocas exemplares de Valdir na defesa da baliza tricolor e principalmente suas magníficas exibições com a camisa do Brasil.

Valdir Perez era incontestavelmente o melhor guarda-redes brasileiro em 1982. Há vários anos destacava-se pela sua segurança, qualidade e incrível habilidade para defender penalties, quer actuando pelo São Paulo (auxiliado por Oscar e Dario Pereyra naquela que foi provavelmente a melhor zaga da história do futebol), quer jogando pela mágica selecção canarinho de Zico, Falcão e Sócrates. Apesar da enorme concorrência de goleiros de primeira como Leão, Carlos e Paulo César, Telê Santana agiu correctamente ao entregar a titularidade a Valdir. Era o melhor!

Acontece que o homem teve um momento infeliz. Diria até trágico! E ficou assim com uma condenação eterna.

Desde aquele fatídico frango contra a União Soviética na estréia da Copa da Espanha, nunca mais foi absolvido. Ninguém o quis perdoar.

Apesar do seu passado no São Paulo e na Selecção, apesar da estupenda exibição que salvou o Brasil nessa mesma Copa contra a Argentina de Maradona, apesar de não ter tido culpa nenhuma na derrota para a Itália de Paolo Rossi, Valdir Perez ficou irremediavelmente carimbado no imaginário do futebol, e em especial dos que nunca o viram jogar, como um tenebroso frangueiro.

Mesmo em Portugal quando se fala com nostalgia do fabuloso escrete de 82, uma das melhores equipes da história do futebol, é comum ouvir algum comentário sobre a fragilidade do guarda-redes brasileiro. Não se fala do erro de Toninho Cerezzo no jogo decisivo, nem do total apagamento do centroavante Serginho durante todo o certame. Apenas Valdir Perez é lembrado e sempre na galeria dos malditos.

É altura de o reabilitar. É altura de fazer justiça a um dos melhores guarda-redes brasileiros de sempre.

É altura de pedir desculpas a Valdir Perez...

24 maio 2006

23 maio 2006

Descarrilando

Quanto maior é a avalanche mediática à volta do livro de Manuel Maria Carrilho, maior é a sua queda e menor a sua expressão política. De degrau em degrau, o antigo Ministro da Cultura vai se afundando e o debate de ontem apenas clarificou o descontrole do antigo candidato à Câmara de Lisboa.

O problema de Carrilho é que ele está realmente convencido do que diz! Não se trata sequer de jogo político. Ela acha mesmo que foi vítima de uma conspiração e ninguém o demove disso. É um homem de convicções.

No seu egocentrismo, não considera possível, sequer imaginável, que a população de Lisboa pura e simplesmente tenha escolhido outro. Logo ele que é tão culto, brilhante, elegante, sofisticado e inteligente! O facto de ter perdido para um candidato medíocre como Carmona Rodrigues, apenas confirma que tudo se tratou de uma cabala e que os terríveis interesses se uniram à SIC, ao Público e outras dezenas de órgãos de comunicação para o perseguir.

E assim o Manuel Maria Carrilho descarrila.

Torna-se aos poucos um Santana Lopes com cátedra.
O seu grande problema é que mesmo na comparação com o menino guerreiro fica a perder.
Este último ao menos tem piada!

18 maio 2006

Cine Arouche

Tinha uma tela pequena, poucos lugares, uma programação alternativa e um ambiente intimista.
Deu-me a conhecer Woody Allen e Stanley Kubrick, mas fez-me também saber que existia cinema fora dos Estados Unidos.
Foi ali que fui apresentado a figuras históricas como Aldo Moro e Henrique V e fiquei a saber mais sobre a Guerra do Vietname.

E tudo isto a 50 metros de casa!

Hoje o Cine Arouche está mudado. É vizinho da Academia Corpus...

17 maio 2006

O Charme do Arouche

Sol entrando pela copa das árvores, gente apressada carregando sacolas, literatos e leitores, moradores da região com seus cães, pedintes, executivos, atletas, compradores de flores, casais muito ou nada tradicionais. Misturam-se esses e muitos outros tipos no Largo do Arouche, na região central de São Paulo, em diferentes horas do dia.

A Foto é de Leonardo Rodrigues e o texto de Lúcia Helena de Carvalho.
No Diário do Comércio.

16 maio 2006

Irmãos de Sangue

A ganadaria do Campo Pequeno reabre ao público neste verão depois de um investimento de cerca de 10 milhões de Euros. Para felicidade do sadismo marialva, as madames da linha e os psicopatas enrustidos, poderão dar vazão aos seus instintos no mais duradouro e tradicional centro de tortura de Portugal.

É de esperar uma presença assídua, desses grandes humanistas lusitanos que são o antigo Primeiro-Ministro Santana Lopes e o seu algoz Jorge Sampaio. Pelo menos nestas coisas do sangue taurino não têm diferenças que os separem. Amam as tradições portuguesas e em especial aquela que acha muito másculo e charmoso, massacrar um animal em praça pública!

Patriotas como se vê!

15 maio 2006

Paralelos

No dia em que se comemora o centenário do nascimento de Humberto Delgado, e muito se tem falado das eleições fraudulentas de 1958, seria interessante traçar um paralelo com o que actualmente se passa na Venezuela de Hugo Chavez.

O regime «Bolivariano» como o «Estado Novo» de Salazar, nunca deixou de realizar eleições procurando nas urnas uma legitimidade que sabe não ter. O carimbo eleitoral é fundamental para manter as aparências e mesmo aqueles que desprezam a Democracia, gostam de o ostentar.

Salazar sempre o fez até que teve um amargo de boca com Delgado e mesmo com uma fraude maçiça viu-se em apuros perante a adesão popular do General Sem Medo. Depois disto resolveu de vez o «problema» suprimindo as eleições presidenciais, prevenindo-se assim de novos sustos.

Chavez proclama diariamente as suas inúmeras vitórias eleitorais e sabendo que a máquina bolivariana e o clima de intimidação o colocam a salvo de qualquer derrota, anuncia a intenção de convocar um plebiscito que o autorize a mais 20 anos de poder.

Cedo ou tarde terá o seu Humberto Delgado.

Até lá poderá destruir alegremente a Venezuela.

Guerrilha Urbana

A guerrilha urbana que há anos flagela o Rio de Janeiro chegou finalmente a São Paulo.

Num momento em que Brasília já foi dominada por uma gang, outra menos sofisticada mas mais mortífera põe a nu o despreparo do Brasil no combate ao crime organizado.

O Capão Redondo invadiu os Jardins.

13 maio 2006

Xadrez Místico

Primeiro foi Garry kasparov a declarar-se fã do mago.

Agora é o Super Torneio Masters de Sofia a abrir com o lance inicial de Paulo Coelho.

O que virá a seguir? Um DVD da ChessBase com as melhores partidas da Walquíria?

11 maio 2006

Direitos Humanos

O novo Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas já está eleito.

Dele fazem parte esses exemplos de respeito pela dignidade humana que são a Arábia Saudita, o Paquistão, Cuba e a China!

Por essas e por outras é que quando ouço falar na ONU e no respeito pela «legalidade internacional» só me dá vontade de rir.

Ou de chorar...

10 maio 2006

Vitória de Spragget em Coimbra

O Grande Mestre Kevin Spragget venceu o Open Queima das Fitas.

A classificação completa deste que foi uma das mais disputadas edições de sempre pode ser encontrada no site da Mais Xadrez.

06 maio 2006

A Marca da Fiel

Só os muito ingénuos podem ter ficado surpreendidos pelo comportamento da torcida do Corinthians na última Quinta-Feira.

É a essência da Fiel.

Sobre a proibição das claques pela Federação Paulista de Futebol, faço minhas as palavras de Francisco José Viegas:

«Não me parece mal de todo. Mas era mais fácil proibir o Corinthians, e mais saudável. »

03 maio 2006

Torneio de Xadrez da Queima das Fitas

Divulgando:

O “Open Queima das Fitas” é um torneio de carácter internacional, com mais de 20 edições registadas que, todos os anos, movimenta habitualmente cerca de 120/ 140 jogadores nacionais, 10 / 15 jogadores Internacionais e 25 equipas provenientes de todo o país.

Nome: Open da Queima
Data : Sábado, 7 de Maio de 2006
Local: Sala de estudo da AAC, Coimbra
Hora : 10h – 19h

Prémios:

1º Classificado - 450€
2º Classificado - 300 €
3º Classificado - 200 €
4º Classificado - 120 €
5º Classificado - 100 €
6º - 70 €
7º - 50 €
8º - 40 €
9º - 30 €
10º a 25º Class. - 20 €

1º Feminino - Troféu
1º Class. Coimbra - Troféu

Os prémios serão entregues conforme classificação efectiva após desempate e não são acumuláveis.

Troféus para as primeiras três equipas, para os cinco primeiros classificados, 1º Universitário, 1º sub-10, 1º sub-12, 1º sub-14, 1º sub-16, 1º sub-18, 1º sub-20 e medalhas até ao 40º lugar

Este torneio terá lugar na Sala de Estudo do edifício da Associação Académica de Coimbra com início às 11 horas.

1ª Sessão 11h00
2ª Sessão 11h50
Intervalo para almoço12h30
3ª Sessão 14h00
4ª Sessão 14h50
5ª Sessão 15h40
6ª Sessão 16h30
7ª Sessão 17h20
8ª Sessão 17h30

Entrega de prémios 19h10

Regulamento:

• O torneio será realizado de acordo com o Sistema Suíço de 8 sessões, de 20 min/Jogador.
• Serão observadas as regras da F.P.X. de semi-rápidas.
• A Arbitragem estará a cargo da Secção de Xadrez da AAC, sendo os casos omissos resolvidos pela Direcção de prova.
• Inscrição Simples: 7,5 €
• Estudante Universitário (cartão estudante) e Sub18 (B.I) - 5€
• Sub14 (B.I) - 2

• Contactos para inscrições:

Secção de Xadrez AAC 239 410 402
Luís Rodrigues 91 4402855
Dominic Cross 96 5849714
Gil Lopes 93 8707220
E-mail:
xadrez@aac.uc.pt
luís_rodriguezzz@hotmail.com
gil_lopes@netmadeira.com

• Morada:
Secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra
Rua Padrez António Vieira, nº1, 3040-315 Coimbra

É obrigatório a apresentação de um relógio em perfeitas condições de funcionamento por cada dois jogadores do mesmo clube. Caso tal não aconteça, não se garante a participação dos atletas!

02 maio 2006

A Bofetada de Evo Morales

Durante todo o seu mandato, com o intuito de agradar as alas mais radicais do PT e na busca incessante de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, Lula e seu governo insinuaram o seu apoio aos folclóricos Hugo Chavez e Evo Morales.

Pretendendo liderar o bloco das nações em desenvolvimento, o Brasil de Lula optou por uma dicotomia interessante na política externa: Não afrontar directamente os EUA e o Presidente Bush, mas não perder nunca o seu pendão terceiro-mundista, chegando a flertar com ditadores do calibre de Omar Bongo do Gabão ou o eterno Fidel Castro de Cuba.

O resultado está à vista. Como quem brinca com o fogo normalmente sai queimado, o Brasil vê-se agora em apuros com a nacionalização das reservas de gás natural por parte da Bolívia, que atinge em cheio a Petrobrás, a mais importante empresa brasileira.

Os líderes petistas «descobrem» agora com assombro, que para parcela significativa da América Latina, o gigante verde-amarelo constitui com sua enorme economia, uma potência regional predadora, e que não são apenas os interesses das multinacionais americanas e francesas que estão em jogo. Os bolivianos espetam assim uma «bofetada» nacionalista na irresponsável verborréia solidária do governo brasileiro e demonstram, depois do fiasco no Haiti, que isto do «imperialismo» pode tocar a todos...

01 maio 2006

Jean-Francois Revel (1924-2006)

Morreu Jean-Francois Revel.

Membro da Academia Francesa, antigo membro da Resistência, ateu e com umas vasta produção ensaística e filosófica, Revel tornou-se nos últimos anos um dos grandes alvos a abater por alguma intelectualidade dita progressista.

O seu delito foi o de não alinhar na carneirada e se recusar a ver nos EUA a incarnação do mal. Os mesmos que sempre idolatraram Sartre, minimizando o seu flerte com o maoísmo nos anos sangrentos da Revolução Cultural Chinesa, e atacaram Raymond Aron quando este se posicionou contra o totalitarismo soviético, descobriram nos escritos de Revel uma blasfémia às suas inabaláveis certezas.

Em Portugal foi para mim relevante a passagem do escritor pelo extinto programa Acontece, nas vésperas da invasão do Iraque.

O apresentador Carlos Pinto Coelho, sempre pronto a dobrar a espinha a qualquer bicho-careta que ali se apresentasse, resolveu armar-se desta feita em justiceiro de classe e fez uma das mais agressivas e mal-educadas entrevistas que já se viram na nossa televisão. Revel, com a superioridade de quem está habituado a fazer parte das minorias odiadas pelo consenso vigente, a tudo respondeu serenamente e seguiu em frente.

Deixa uma importante bibliografia em áreas dispersas como o Jornalismo, a Literatura e a Política, constituindo um exemplo de independência e pensamento livre.





(Revel, Jean-Francois, Obsessão Antiamericana, Lisboa, Bertrand, 2002.)








(
Revel, Jean-Francois, A Grande Parada, Lisboa, Ed. Notícias, 2001)