26 abril 2006

Sina

Em 1989 perante o descalabro da administração de Alan Garcia, o Peru abraçou o populismo salvífico de Alberto Fujimori e mergulhou no caos.

Passados 17 anos e após uma longa travessia no deserto, prepara-se agora para eleger Ollanta Humala, primo direito do nacionalismo golpista e autoritário de Hugo Chavez e Evo Morales.

Será essa a triste sina da fustigada e desiludida América Latina ?

24 abril 2006

O Actual 25 de Abril

Nos últimos tempos as comemorações do 25 de Abril têm sido marcadas por polémicas que são tão fúteis como ridículas.

Há dois anos foi a patética questão levantada por algumas almas bem pensantes sobre a utilização ou não do «R» de revolução nos cartazes alusivos ao acontecimento.

Desta feita é a desmesurada preocupação de algumas figuras cá do burgo, a respeito da necessidade da utilização de um cravo na lapela, por Cavaco Silva, nas cerimónias protocolares da Assembléia da República.

Trinta e dois anos depois do fim da ditadura foi nisto que se transformou o 25 de Abril.

Sampa - Aclimação

Foto do RRC

21 abril 2006

Telê Santana (1931-2006)

Quando o árbitro apitou o fim do jogo, naquele fatídico dia 5 de Julho de 1982 no Estádio Sarriá em Barcelona, estava criada uma nova lenda no mundo do futebol.

A fabulosa equipa do Brasil, unanimemente apontada como a vencedora antecipada do Mundial da Espanha, caía aos pés do italiano Paolo Rossi, autor dos três golos que levariam a selecção transalpina a prosseguir rumo a um título de todo inesperado.

Ficava para trás o incrível escrete de Oscar, Júnior, Éder e daquele que foi talvez o melhor meio-campo da história: Cerezzo, Falcão, Zico e Sócrates.

Passados quase 25 anos, poucos se lembram da equipa italiana, dos seus jogadores ou das suas escassas virtudes. Mas não há um único amante do futebol que não recorde com nostalgia aquela incrível equipa canarinho e que não a reconheça como uma das melhores formações de sempre. Junto com a Hungria de 1954 e a Holanda de 1974, o Brasil de 1982 tornou-se imortal.

Morreu hoje Telê Santana, o criador daquela verdadeira máquina de jogar futebol.

Adorado pela exigente torcida brasileira, sua popularidade não resistiu porém ao desaire de 1986 no México e taxado de pé-frio afastou-se dos comandos da Selecção. Após uma curta travessia no deserto deu a volta por cima e comandou a imbatível equipe do São Paulo que com nomes como Raí e Müller dominou o panorama mundial no início dos anos 90.

Provou assim ser possível aliar os resultados com a magia da bola, e consagrou-se como o maior de todos os treinadores. Passou a Mestre!

Com ele, desaparece também um dos raros resquícios de romantismo no futebol brasileiro.

O mundo da bola está mais pobre.

20 abril 2006

Esqueceram o Hermafrodita!

Hoje ao responder um banal questionário, fui pela primeira vez confrontado com uma pergunta a respeito do meu género!

Qual é o seu género?
a) Masculino
b) Feminino

Assim mesmo!

Confesso que tenho uma birra pela expressão género, mais uma das criações do politicamente correcto, que após ter conseguido impôr com êxito o termo «Afro-Americano» (nos EUA) e falhado por pouco a adopção da expressão «pessoa verticalmente prejudicada» (no Brasil) resolveu agora atacar a singela e tradicional nomenclatura do sexo.

No entanto no caso presente aquilo que mais me irritou foi a incoerência!
Então aos tipos que criaram o questionário não lhes passou pela cabeça que eu poderia pertencer a um género mais heterodoxo?

Por que apenas masculino ou feminino?
E se eu fosse gay? Ou uma lésbica? Ou quem sabe um transgender? E porque diabos não cogitaram a hipótese do questionário ser respondido por um hermafrodita?
Tanto cuidado no palavreado e esquecem-se da maioria dos géneros?

Agora que já andam para aí uns tais de «especialistas em igualdade do género» só me apetece denunciar este tenebroso exemplo de discriminação!

17 abril 2006

Ser Tricolor

Lendo este post do Francisco José Viegas sobre a vitória de ontem do Grêmio sobre o Corinthians, não resisti em requentar um antigo apontamento sobre a alegria de ser Tricolor.

Não me refiro ao tricolor gaúcho do Francisco ou ao tricolor das laranjeiras de Nelson Rodrigues, mas sim ao Tricolor três vezes Campeão do Mundo e líder incontestado de todos os rankings do futebol brasileiro.

Muitas vezes perguntam-me qual o meu clube em Portugal.

E respondo que depois de ter estado no Morumbi lotado a ver desfilar com a Sacro-Santa camisa Tricolor, nomes como Oscar, Dario Pereyra, Müller e Careca é impossível qualquer afeição a outro clube que não o Mais Querido.

Ser do São Paulo é antes de mais uma questão de bom gosto. Uma filosofia de vida. Uma forma de estar.

É o futebol em estado puro!

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Confesso que também já me esforcei por perceber a demência que cerca os pindéricos clubes portugueses e até o interesse por essa autêntica anedota que é a «Super Liga». Mas depois de acompanhar durante tantos anos campeonatos nacionais verdadeiramente disputados, às vezes por mais de uma dúzia de clubes, limitei-me a desistir.

Por mais que tente não consigo entender qual é a piada em passar meses e meses a assistir um torneio a três, onde apesar de muitos jogos, paleio e insultos pouco ou nenhum futebol se vê!

Das duas uma: Ou se trata exclusivamente de fanatismo, o que demonstra uma grande apatia em relação à essência do desporto-rei ou então há algo de muito masoquista nos infelizes e alienados adeptos lusitanos...

Um exemplo particularmente triste da realidade do futebol português, foi a euforia que nas últimas semanas rodeou um decadente clube de bairro de Lisboa. A passagem às quartas-de-final de um certame europeu, foi comemorada como se de uma grande conquista se tratasse...O final, obviamente, foi o esperado.
Tratou-se no fundo, de um pequeno paliativo para uma agremiação que se diz grande e que há mais de quatro décadas não conquista um título de relevo.
Tudo muito triste.

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Prefiro ser apenas Tricolor!

14 abril 2006

Notas da Guerra Grande VIII - Seminário em Campo Grande

De 24 a 28 de Abril de 2006 irá se realizar na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul o Seminário de Jornalismo e História «Vestígios da Guerra Grande - O imaginário da guerra contra o Paraguai, 142 anos depois.»

Pensado no âmbito do projecto de investigação coordenado pelo Professor Mauro César da Silva e que deu origem ao interessantíssimo site Vestígios da Guerra Grande, o Seminário tem programadas uma série de actividades que abordarão aspectos variados que vão da iconografia até ao imaginário da mais importante guerra da História das Américas.

Sendo muito escassas este tipos de iniciativas no Brasil e sendo esta realizada em terras de Mato Grosso, palco principal de vários episódios do conflito, resta-nos esperar a publicação das Actas para um enriquecimento da bibliografia sobre o tema.

Programa

24/04/2006
19h00
Abertura solene
Profª Drª Célia Maria da Silva Oliveira,
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFMS; Profª Drª Greicy Mara França, Chefe do Departamento de Comunicação Social/Jornalismo da UFMS; e Amarildo Meneguelli, acadêmico de História da UFMS e vice-coordenador do evento

Abertura da exposição de charges e pinturas sobre a Guerra do Paraguai

PALESTRAS E DEBATES

24/04/2006
19h30
O Jornalismo como fonte para a História
Profª Drª Nanci Leonzo, do curso de História da UFMS, e Prof. Dr. Marco Antônio Villalobos, Jornalista e Professor de Jornalismo, da PUC/RS, autor do livro " A Guerrilha do Riso"

25/04/2006
19h00
Ensino de História e Jornalismo: a força do imaginário social
Profª Ms. Ana Paula Squinelo, do curso de História da UFMS; e Nilson Cezar Mariano, do jornal Zero Hora de Porto Alegre/RS

26/04/2006
19h00
A web a serviço da pesquisa histórica e jornalística:
a experiência do site www.guerragrande.com
Prof. Dr. Paulo Roberto Cimó Queiroz, do curso de Pós-Graduação em História da UFGD; e Ubirajara Martins Guimarães, jornalista e autor do projeto do site

27/04/2006
19h00
As diferentes versões na historiografia brasileira
Prof. Dr. Ricardo Salles, do curso de História da UERJ/FFP; e Prof. Dr. Mauro César Silveira, do curso de Jornalismo
da UFMS

28/04/2006
14h00
As representações iconográficas do conflito
Prof. Dr. André Toral, do curso de Cinema da FAAP, de São Paulo/SP

19h00
O papel das mulheres na Guerra do Paraguai
Profª Ms. Maria Teresa Garritano Dourado, do curso de História da FAP, de Ponta Porã/MS; José Luis Ardissone, ator, cineasta e diretor da Fundación Arlequín de Teatro, do Paraguai

EXIBIÇÃO DE FILMES

de 25 a 27/04/2006
14h00
Cándido López - Los campos de batalla
Documentário do argentino José Luis Garcia (2005 - 105min)

16h30
Guerra do Brasil
Documentário do brasileiro Sylvio Back (1987 - 83min)

NOTAS DA GUERRA GRANDE VII - Adeus Chamigo Brasileiro

12 abril 2006

Carta Branca

O inqualificável acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, desculpabilizando e até recomendando a aplicação de castigos corporais na educação de crianças deficientes, é um claro sintoma do estado actual da nossa magistratura.

É também uma excelente oportunidade para se debater o estatuto e a responsabilização dos juizes pelos seus actos no presente ordenamento jurídico português.

Será desejável ou mesmo aceitável para um Estado de Direito, que os magistrados possam emitir juizos de valor e de moral, mesmo quando estes atropelam não só as Convenções internacionais a que Portugal livremente se associou, mas também as mais elementares regras da humanidade e do bom senso?

Sabendo-se que a defesa corporativa das diversas associações do sector jamais permitirá uma auto-avaliação consequente, não terá chegado o momento do Poder Legislativo actuar e limitar o poder quase absoluto que actualmente detêm os magistrados nos nossos tribunais?

Quando juizes em topo de carreira são capazes de barbaridades como a deste caso e até se dão ao luxo de classificar como negligentes os pais que não punem fisicamente os seus filhos, é porque já entramos no campo do absurdo e do delírio.

Mais do que isso, é também um exemplo do que pode ocorrer quando uma classe profissional com tamanho relevo e poder , recebe carta branca da sociedade para o exercício de suas funções sem ter que responder perante ninguém pela sua correcção.

Está nos livros...

11 abril 2006

O Barrete Marshall

No último fim de semana foi realizada mais uma eliminatória da Taça de Portugal de Xadrez.

Em Coimbra a equipa principal da Académica, 3ª colocada no último Nacional da 1ª Divisão, defrontou a AD Figueiró dos Vinhos do 3º Escalão Nacional.

Sem grandes surpresas a vitória sorriu por 3 a 1 à equipa da casa.

A única vitória dos visitantes foi conseguida pelo também academista António Curado, talvez o maior especialista português sobre o mundo do Xadrez e que actualmente representa o clube da sua terra natal.

Perante um adversário mais cotado, conhecido pelos nervos de aço e jogo extremamente sólido, o Mestre Curado não se intimidou e jogando o agressivo Ataque Marshall embarretou literalmente o sempre amável mas desconsolado Ricardo Evangelista.

Vale a pena ver:

RICARDO EVANGELISTA ( 2117 ) x ANTÓNIO CURADO (1781)
Coimbra – 8 de Abril de 2006 – Taça de Portugal
Ataque Marshall – C89


1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Cf6 5.0–0 b5 6.Bb3 Be7 7.Te1 0–0 8.c3 d5

Lance constituinte do Ataque Marshall, uma das mais dissecadas linhas da imensa teoria de aberturas do Xadrez.

9.exd5 Cxd5 10.Cxe5 Cxe5 11.Txe5 c6 12.d4 Bd6 13.Te1 Dh4 14.g3 Dh3 15.Te4 g5 16.Bxg5 ?


Caindo na arapuca! Um lance que literalmente deixa as brancas em posição de frango assado!

16...Df5 ! 17.Bxd5 cxd5 18.Be7 tentando espernear ...

18...Dxe4 19.Bxd6 Bh3 20.f3 De3+ 21.Rh1 Df2 e as brancas abandonaram perante o mate inevitável.

Moral da história: Mais vale um barrete bem preparado que um peão bem envenenado!

01 abril 2006

Incoerência


É por estas e por outras que a credibilidade dos políticos está pelas ruas da amargura.

A carta acima foi escrita por José Serra, actual prefeito de São Paulo, e candidato derrotado por Lula nas últimas eleições presidenciais.

Num daqueles actos de campanha, que têm tanto de demagogia como de irresponsabilidade, Serra comprometeu-se em 2004, e por escrito, a não abandonar a Prefeitura da maior cidade do Brasil, até ao fim do mandato, caso viesse a ser eleito.

Acaba agora de lançar-se candidato a Governador do Estado, e só não vai enfrentar Lula em Outubro porque não fez finca-pé. Deixou a espinhosa missão para Geraldo Alckmin.

O facto de um político competente e estruturalmente sério como José Serra, cometer uma idiotice destas, serve bem de exemplo do quão artificiais e minadas são as campanhas eleitorais. Privilegia-se a forma em detrimento do conteúdo, aposta-se na frase retumbante ao invés da sinceridade, manipulam-se as emoções deixando cair a razão. Com os resultados que estão à vista.

Serra muito provavelmente será eleito Governador de São Paulo, graças à obra feita e ao carisma que acumulou nos muitos anos que leva de política. Teria sido aliás o melhor candidato para enfrentar a quadrilha de Lula e talvez o único capaz de desalojar a camarilha do PT ávida por continuar o saque dos cofres públicos.

Mas infantilidades como esta, apenas servem para municiar os adversários e colocar em xeque algo que num político jamais deveria faltar: A palavra!

No entanto, como lembra e bem Francisco José Viegas, a militância do PT sempre disposta a perdoar os «erros» do Partido, em compreender os «desvios» de Dirceu e Cª. , em desvalorizar o mensalão, em ignorar a estranha morte de Celso Daniel, em desculpabilizar as vigarices na CPI e todo um rol interminável de barbaridades, indigna-se agora com a incoerência de Serra.

Estranha moral a dos companheiros!

Crime Consumado

E pronto!
O crime foi consumado.
A TV Cabo trocou o GNT pela Record Internacional.

Regras do mercado dizem eles...Incompetência e falta de respeito pelos clientes, digo eu.

A Netcabo já a despachei. É bem provável que o serviço de televisão vá a seguir.

Afinal, vulgaridade por vulgaridade, a da concorrência é pelo menos mais barata!