01 abril 2006

Incoerência


É por estas e por outras que a credibilidade dos políticos está pelas ruas da amargura.

A carta acima foi escrita por José Serra, actual prefeito de São Paulo, e candidato derrotado por Lula nas últimas eleições presidenciais.

Num daqueles actos de campanha, que têm tanto de demagogia como de irresponsabilidade, Serra comprometeu-se em 2004, e por escrito, a não abandonar a Prefeitura da maior cidade do Brasil, até ao fim do mandato, caso viesse a ser eleito.

Acaba agora de lançar-se candidato a Governador do Estado, e só não vai enfrentar Lula em Outubro porque não fez finca-pé. Deixou a espinhosa missão para Geraldo Alckmin.

O facto de um político competente e estruturalmente sério como José Serra, cometer uma idiotice destas, serve bem de exemplo do quão artificiais e minadas são as campanhas eleitorais. Privilegia-se a forma em detrimento do conteúdo, aposta-se na frase retumbante ao invés da sinceridade, manipulam-se as emoções deixando cair a razão. Com os resultados que estão à vista.

Serra muito provavelmente será eleito Governador de São Paulo, graças à obra feita e ao carisma que acumulou nos muitos anos que leva de política. Teria sido aliás o melhor candidato para enfrentar a quadrilha de Lula e talvez o único capaz de desalojar a camarilha do PT ávida por continuar o saque dos cofres públicos.

Mas infantilidades como esta, apenas servem para municiar os adversários e colocar em xeque algo que num político jamais deveria faltar: A palavra!

No entanto, como lembra e bem Francisco José Viegas, a militância do PT sempre disposta a perdoar os «erros» do Partido, em compreender os «desvios» de Dirceu e Cª. , em desvalorizar o mensalão, em ignorar a estranha morte de Celso Daniel, em desculpabilizar as vigarices na CPI e todo um rol interminável de barbaridades, indigna-se agora com a incoerência de Serra.

Estranha moral a dos companheiros!