01 maio 2006

Jean-Francois Revel (1924-2006)

Morreu Jean-Francois Revel.

Membro da Academia Francesa, antigo membro da Resistência, ateu e com umas vasta produção ensaística e filosófica, Revel tornou-se nos últimos anos um dos grandes alvos a abater por alguma intelectualidade dita progressista.

O seu delito foi o de não alinhar na carneirada e se recusar a ver nos EUA a incarnação do mal. Os mesmos que sempre idolatraram Sartre, minimizando o seu flerte com o maoísmo nos anos sangrentos da Revolução Cultural Chinesa, e atacaram Raymond Aron quando este se posicionou contra o totalitarismo soviético, descobriram nos escritos de Revel uma blasfémia às suas inabaláveis certezas.

Em Portugal foi para mim relevante a passagem do escritor pelo extinto programa Acontece, nas vésperas da invasão do Iraque.

O apresentador Carlos Pinto Coelho, sempre pronto a dobrar a espinha a qualquer bicho-careta que ali se apresentasse, resolveu armar-se desta feita em justiceiro de classe e fez uma das mais agressivas e mal-educadas entrevistas que já se viram na nossa televisão. Revel, com a superioridade de quem está habituado a fazer parte das minorias odiadas pelo consenso vigente, a tudo respondeu serenamente e seguiu em frente.

Deixa uma importante bibliografia em áreas dispersas como o Jornalismo, a Literatura e a Política, constituindo um exemplo de independência e pensamento livre.





(Revel, Jean-Francois, Obsessão Antiamericana, Lisboa, Bertrand, 2002.)








(
Revel, Jean-Francois, A Grande Parada, Lisboa, Ed. Notícias, 2001)