17 setembro 2006

Oriana Fallaci (1929-2006)

Quis o destino que Oriana Fallaci partisse durante uma nova ofensiva do obscurantismo islâmico.

Poucos foram os intelectuais que demonstraram nos últimos anos a coragem, a força e a dignidade desta italiana cosmopolita, e que assumiram frontalmente o perigoso confronto com os fanáticos de turbante.

Jornalista e escritora, nunca cedeu aos totalitarismos e enfrentou sem receios muitos dos grandes canalhas do nosso tempo. Do argentino Gualtieri ao etíope Selassié, passando por Álvaro Cunhal e o Aiatolá Khomeini, nunca se curvou perante facínoras de qualquer calibre.

Militante anti-fascista, manteve-se coerente e defendeu como poucos a Democracia, os direitos da mulher e o livre pensamento. Por isso granjeou simpatias e admiradores ao mesmo tempo que despertou o ódio dos fanáticos e dos habituais pobres de espírito.

Perseguida pela doença não se deixou abater, e no pós-11 de Setembro perante tanta falta de escrúpulos e espinhas dobradas, publicou duas obras que no seu conjunto são talvez o mais angustiado grito de revolta, contra o extremismo muçulmano, já publicado no Ocidente.

Como não podia deixar de ser, foi insultada, ameaçada e processada, e mesmo com a apatia da generalidade dos meios cultos europeus, não recuou e defendeu até ao fim as suas firmes convicções.

Uma mulher notável.



(FALLACI, Oriana, A Raiva e o Orgulho, Algés: Difel, 2002)

(FALLACI, Oriana, A Força da Razão, Algés: Difel, 2004)