
O Palácio dos Bandeirantes - sede do governo do Estado de São Paulo - tem tido ao longo da sua existência inquilinos muito pouco recomendáveis.
Mesmo deixando de lado figuras históricas de má memória, como o populista
Ademar de Barros - o homem do rouba mas faz - basta recorrer às ultimas décadas, para constatar que estas ficaram negativamente marcadas por governadores do calibre de
Paulo Maluf, Orestes Quércia e Luiz António Fleury Filho.Uma excepção a essa triste regra, tem sido o actual governador paulista,
Geraldo José Alckmin, que desde a morte do saudoso
Mário Covas, tem feito com discrição e eficiência uma gestão marcada pelo rigor, seriedade e altos níveis de aprovação. Um profundo corte com algumas das inqualificáveis e já citadas administrações anteriores.
Pois bem,
Alckmin acaba de ser confirmado pelo
PSDB, como o candidato tucano às presidenciais de Outubro próximo. Superou com êxito a acirrada disputa interna com o favorito
José Serra e tem pela frente uma tarefa quase impossível que é chegar ao Planalto.
E digo impossível, porque além de ter pouca notoriedade fora do eixo Rio-São Paulo-Minas, faltam a
Alckmin, o carisma, o descaramento, o cinismo e a falta de escrúpulos do actual presidente
Luís Ignácio Lula da Silva.
Lula, responsável maior seja por desconhecimento seja por omissão, pelo
mensalão - o maior escândalo de corrupção da História do Brasil - há muito deixou de ser aquele simplório bonacheirão e bem intencionado que fazia as delícias dos comentadores internacionais.
Com a chegada ao poder sofisticou-se, no pior sentido do termo, e como bem demonstrou na já famosa entrevista ao programa
Roda Viva da
TV Cultura, aprendeu todos os truques da baixa política, assimilando a prática e a doutrina do coronelismo que sempre afirmou combater.
No
tête-à -tête eleitoral será por isso imbatível.
Numa eleição em que se jogará o futuro do
PT e sabendo-se que o actual partido do poder não hesitará em usar todas as armas para conservar as lucrativas estruturas do Estado Federal, dificilmente
Alckmin terá estofo para aguentar a pressão e a força dos muitos milhões de dólares que o
Partido dos Trabalhadores colocará no terreno. Aliás, na era do
mensalão, dinheiro e cara-de-pau não faltarão de certeza a
Lula e seu partido.
Junte-se a isso a fraca memória coletiva do povo brasileiro e os bons indicadores económicos, derivados da política iniciada no governo
Fernando Henrique - e que
Lula teve o bom senso de prosseguir - para fazer de
Alckmin um candidato derrotado à partida.
Enganam-se no entanto, os que pensam que o vencedor será
Lula.
Será
José Dirceu!