17 janeiro 2006

Aproveitamento Político

Manuel Alegre cumpriu hoje o tradicional ritual da visita à lota de Matosinhos.

Depois da morte de Sousa Franco durante a barafunda provocada por facções rivais do PS, nas últimas eleições européias, pensava-se que este tipo de acção, que tem tanto de demagógica como de inútil, tivesse sido definitivamente abandonada.

O mote da visita de Alegre foi uma homenagem ao malogrado Sousa Franco. Uma espécie de evocação.

Matilde Sousa Franco, viúva do antigo Ministro, veio a público acusar Manuel Alegre de aproveitamento político da memória do marido e afirmar que se este fosse vivo, apoiaria com toda a certeza o amigo Mário Soares.

O grande problema desta acusação é vir de onde vem.

Matilde Sousa Franco, uma ilustre desconhecida sem qualquer histórico ou relevância política, apresentou-se nas últimas legislativas como cabeça-de lista (!!) do Partido Socialista em Coimbra. Durante a campanha nada se soube das suas ideias políticas, dos seus projectos para o distrito e para o país e muito menos qual o fundamento da sua estranha candidatura.

Facilmente se percebeu que a sua inclusão se deveu única e exclusivamente ao apelido sonante.

Eleita deputada, rapidamente se remeteu ao silêncio, entrando naquele lote de parlamentares cuja única função na Assembléia da República é levantar o braço sempre que os líderes partidários o exigem.

Se houve portanto aproveitamento político da memória de alguém, esse partiu de Matilde Sousa Franco e da actual direcção do Partido Socialista. Não têm por isso nenhuma legitimidade para criticar Manuel Alegre. Nenhuma.