02 janeiro 2006

Biblioteca en Guerra


A Biblioteca Nacional de Espanha no âmbito das comemorações dos 60 anos do início da Guerra Civil apresenta até o próximo dia 19 de Fevereiro uma interessante exposição sobre o percurso das bibliotecas, dos bibliotecários e demais agentes ligados ao livro, durante o mortífero conflicto que colocou o país a ferro e fogo.

No meio da loucura bélica que se apossou de nuestros hermanos no final dos anos 30, nem os marcos culturais escaparam aos bombardeamentos e à destruição generalizada. Museus, Teatros, Cinemas e algumas das principais bibliotecas espanholas viram seus edifícios atacados e muito do seu riquíssimo acervo destruído.

Se nesta tragédia existiram poucos inocentes, particularmente raivosas se mostraram as tropas franquistas que em momento algum se detiveram perante objecções de consciência e lançaram de todos os meios para alcançar a vitória perante os rojos verdadeiros ou imaginários. Muito do que se passou em Espanha naqueles anos fatídicos só agora vem ao de cima com a imensa avalanche de estudos, monografias, biografias, fotografias e demais iconografia que marca a historiografia espanhola neste início de Séc. XXI.

Daí o grande mérito da Exposição Biblioteca en Guerra.

Desde o percurso singular de cinco bibliotecários da época, figuras por trás do grande projecto de expansão do livro na moribunda República, passando pelas acções de fomento nos pueblos até ao dramático epílogo da guerra que se notabilizou pela intolerância dos vencedores e perseguição, assassinato e exílio dos derrotados, uma enorme massa informativa e icononográfica está patente na esposição. A não perder por todos aqueles que se interessam pela História do Livro e da Guerra Civil Espanhola e que passem por Madrid nas próximas semanas.

PS - Apenas um reparo: Em paralelo com algumas imagens da destruição de Bibliotecas, o organizador lembrou-se de incluir desenhos de crianças palestinianas sobre os bombardeamentos israelitas.
Fiquei sem perceber qual a ligação dos mesmos com o tema. Trata-se de um daqueles excessos politicamente correctos que apenas servem para passarem infelizes mensagens subliminares e que em nada ajudam na resolução do problema.