28 junho 2006

O Descalabro da APM

Sabendo-se da mediocridade do ensino da matemática nas nossas escolas e o estado catastrófico da matéria em Portugal, é esclarecedor ler as pérolas publicadas hoje no Público pela Direcção da Associação de Professores de Matemática (APM) em relação aos exames nacionais de ontem:

Onde está a utilização da capacidade gráfica da calculadora?
Decerto que no próximo ano lectivo muito dificilmente se conseguirá convencer os alunos a adquirirem uma calculadora gráfica!
(...)
Apelo ao cálculo (demasiado) nas questões 3.4 e 3.5. Em nosso entender, o apelo ao cálculo, para obtenção dos intervalos de confiança, é repetitivo e permite que o estudante entre no cálculo pelo cálculo, na fórmula pela fórmula, podendo não compreender o contexto e mesmo assim obter a cotação praticamente toda da questão.
(...)
Esta questão exige uma resolução analítica que contraria totalmente o espírito do programa. Por este motivo, parece desnecessário pedir o recurso à calculadora na resolução de qualquer questão, como acontece na alínea 5.2. O programa é claro no sentido de não restringir o uso da calculadora gráfica,e, ao invés, incentiva o uso da mesma e da tecnologia em geral.
(...)
A prova apresenta aspectos de pormenor que não se coadunam, mais uma vez, com as orientações emanadas do programa. Por exemplo, a exigência de apresentar o valor da probabilidade sob a forma de uma fracção irredutível. Para quê? A apresentação sob a forma de um polinómio reduzido. Para quê ?

Mas será que estão todos doidos?

Até quando se permitirá que este tipo de entidades (e programas) continuem a destruir impunemente o ensino em Portugal e hipotecar o futuro das novas gerações?